A Polícia Civil (PC) anunciou a prisão de dois jovens, de 20 e 22 anos, suspeitos de sepultarem viva uma mulher em uma gaveta mortuária, no Cemitério Municipal de Visconde do Rio Branco – a cerca de 80km de Muriaé -, aqui na Zona da Mata mineira. De acordo com a PC, a dupla responderá por crime hediondo, e um terceiro suspeito foi identificado e está sendo procurado.
A vítima, de 36 anos, foi encontrada na sepultura na manhã do dia 28 de março, por policiais militares acionados por coveiros do cemitério. Ela foi violentamente agredida, e segue internada em UTI, com risco de perder um dedo, mas seu quadro está evoluindo bem.
A prisão dos suspeitos se deu no sábado (1/4), mas só foi divulgada pela Polícia Civil na manhã esta terça-feira (4/4), com detalhes sendo informados durante entrevista coletiva, realizada à tarde, na cidade de Ubá.
Segundo a corporação, os dois jovens presos planejavam ir para uma favela no Rio de Janeiro, mas foram interceptados antes de colocar o plano em prática.
Informações prestadas na coletiva
Conforme o delegado Diego Candian, chefe da Delegacia da Regional da Ubá, o crime chama atenção pelos requintes de crueldades. A motivação seria vingança após drogas e armas terem ‘extraviado’. Eles responderão por tentativa de homicídio qualificado, por motivo torpe.
Os dois jovens presos são conhecidos do meio policial, com envolvimento em crimes relacionados a corrupção de menores, tráfico de drogas e porte ilegal de armas de fogo.
“Eles são conhecidos pela polícia pois, quando eram adolescentes, têm diversas passagens. Eles estão à disposição da Justiça”, informou Candian. Como se trata de crime hediondo, a prisão temporária terá duração de 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período.
Já o delegado Douglas Moto informou que rastreamento teria partido através de informações de populares. A dupla foi localizada em um veículo, próximo ao trevo de Visconde do Rio Branco, com outras quatro pessoas, no sábado (1º). A detenção, no entanto, só foi anunciada nesta terça-feira (4).
Segundo ele, a corporação segue em busca do terceiro suspeito. “Ainda tem um indivíduo que encontra-se foragido. Estamos trabalhando de forma incessante para poder localizar esse indivíduo e tão logo efetuar a prisão e, aí sim, deixá-los à disposição da Justiça”.
Flávia Murta, chefe do 4° Departamento de Polícia Civil, diz que existe a possibilidade do crime também ser tipificado como tentativa de feminicídio.
“Existe essa linha de investigação, porque o feminicídio se refere não só às relações domésticas, mas também ao menosprezo da mulher, quando a mulher é colocada como um ser objetificado. Então, existe essa possibilidade”.
Sobre as informações a respeito do companheiro da vítima, que também estaria na casa no dia, a delegada ainda não consegue esclarecer se ele teria envolvimento no crime.
“Esta pessoa está sendo investigada. Não temos ainda uma informação oficial, mas está sendo investigada sobre a participação e a responsabilidade. As investigações ainda estão prematuras”, reforçou.

Situação da vítima
A delegada Flávia Murta informou que os policiais estiveram no hospital para entrevista da vítima.
A mulher, no entanto, ainda não foi ouvida formalmente, devido ao estado de saúde que se encontra, o que impede que seja feito um depoimento oficial. A corporação aguarda recuperação da paciente para que ela seja ouvida.
Na atualização mais recente sobre o estado de saúde dela, o médico Henrique Slaib, diretor geral do Hospital São João Batista e cirurgião assistente da paciente, disse que há risco de amputação de um dos dedos da mão. Ela passou bem a terça-feira (4) e continua na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), sem previsão de alta.
Relembre o caso
O crime foi descoberto na manhã da terça-feira (28) depois que coveiros do Cemitério Municipal chegaram para trabalhar e encontraram marcas de sangue e a gaveta mortuária ainda com cimento fresco.
Os funcionários escutaram pedido de socorro e acionaram a Polícia Militar (PM).
A mulher foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e, desde então, está sob cuidados no Hospital São João Batista.
O Registro de Eventos de Defesa Social (REDS) da Polícia Militar (PM) indica que a vítima teria guardado entorpecentes para dois homens, e que o material havia sido extraviado. Ao saberem do fato, a dupla foi até a casa dela e começou a agredi-la. O companheiro da mulher, que também estava na residência, conseguiu fugir.
Fonte: G1 Zona da Mata
Foto destaque: Reprodução/Youtube